Mais cedo os jovens se iniciam no mundo das bebidas alcólicas. Cerveja, “ices”, vodkas, whiskey, “roskas”, “íssimas”, tequila e o que mais tiver álcool.
Legalizadas, autorizadas e com mínima restrição publicitária (fervorosa campanha das TVs para que nunca ocorra), a turminha recém chegada na adolescência se embriaga irresponsavelmente e, mais grave, sem que os pais sequer tenham noção disso.
É claro que os pais sabem que os filhotes bebem, mas não que se entopem de bebida a ponto de vomitar e, em alguns casos, receber atendimento em postos de saúde nos shows que frequentam (já vi garotos(as) recebendo insulina na veia).
Fui um adolescente farrista e vi muita gente passando mal, muito mal mesmo, por causa de álcool. Já naquele tempo (há mais de 20 anos…) em Arraial d´A juda presenciei meninas de 14 e 15 anos bebendo até caírem sobre o próprio vômito. Dias depois as encontrei num Shopping em Salvador, “patricinhas” e ao lado de suas mamis, como duas garotinhas bem comportadas.
Não é recente o envolvimento precoce dos jovens com o álcool, mas como nossa população cresceu e o acesso a tudo (ou quase) é cada vez mais rápido, o assunto emerge mais facilmente, porém não conseguimos ver como mudar.
Pais distantes dos filhos, jovens pressionados por outros jovens para serem “do mal”, ícones distorcidos, anti-heróis valorizados (basta olhar para alguns ídolos do futebol), péssimos exemplos em novelas e filmes e, por vezes, problemas de relacionamento em casa, necessidade de aceitação num grupo. A mente de um adolescente fervilha com tanto hormônio em ebulição.
Não bastasse isso, não há qualquer rigor na publicidade do álcool. Apesar das proibições de uso da imagem de “animaizinhos”, jovens e mulheres, com exceção do reino animal, continuamos a ver o mesmo de sempre nos reclames de cerveja e outras bebidas. Recentemente as televisões encamparam árdua batalha contra o fim da publicidade de bebida alcólica na tv. O lobby foi fortíssimo, pois imaginem quanto uma emissora de TV deixaria de receber na Copa da Mundo se a AMBEV ou a Schin não pudessem exibir suas marquinhas? As emissoras saíram-se exitosas. Diferente da guerra contra o cigarro, a luta contra o álcool é perdida.
E vejam: não há sequer restrição no horário da publicidade! Um evento esportivo recebe amplíssima repercussão e contém dezenas de elementos publicitários que remetem ao álcool! A Budwiser é um dos patrocinadores oficiais da FIFA! A AMBEV patrocina a seleção brasileira de futebol! O que você dirá ao seu filho? Beba suco de frutas e será um grande atleta?
Com tanto dinheiro em jogo, por que a preocupação com o mal que o consumo do álcool pode causar aos jovens?
Vale dizer ainda que a maior causa de internações hospitalares no Brasil é de acidentes automobilísticos cuja causa é a embriaguez no volante. E já perceberam quantas vezes esses acidentes envolvem jovens? E que os pais nunca imaginariam que os filhotinhos pudessem beber ou andar com garotos(as) que bebem tanto?
Pais e Mães, não se enganem, seus filhos sofrem pressão para serem “bad boys” ou “bad girls”. E mais, eles são normais. E o que fazem é normal, pelo menos no mundo deles.
O álcool é uma droga como o cigarro, umas bicadinhas, ficar “alegre” é até saudável (desde que com responsabilidade), porém o excesso, obviamente, pode causar danos irreparáveis à vida, à saúde, ao trabalho e aos estudos.
E não sou contra a bebida, já bebi bastante (hoje não bebo exclusivamente por causa do esporte que pratico) e defendo uma cervejinha no fim de semana e uma ou duas taças de vinho e antes que receba mensagens irônicas, devo dizer-lhes que nos EUA há Estados em que o álcool tem seu consumo nas ruas proibido (reparem nos filmes as pessoas bebendo com a garrafa num pacote de papel). No Japão se uma pessoa sai da casa de alguém após beber, dirige e causa um acidente, além dele, o anfritrião responderá pelos danos que o “bebum” causou, simplesmente por ter permitido que ele saísse naquelas condições.
Não este Blogueiro não prega o fim do álcool. Entendo que é necessário o rigor na veiculação da publicidade e forte campanha de educação para o consumo, consciente e responsável, iniciando não nas escolas, mas em casa.
Fonte: Revista Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário